Justiça do Vaticano impõe multa e liberdade condicional a ativistas ambientais por vandalismo em escultura histórica
A Justiça do Vaticano determinou hoje a aplicação de uma multa de quase EUR 30 mil (R$ 157,3 mil) e a imposição de nove meses de liberdade condicional para dois ativistas italianos da causa ambiental. Eles foram considerados culpados por atos de vandalismo em um museu da Santa Sé, onde se colaram ao pedestal da famosa estátua Grupo de Laocoonte.
Os juízes de primeira instância também ordenaram que os ativistas reembolsem o museu em EUR 28 mil (R$ 146,8 mil) para reparar os danos causados à obra de arte. Além disso, uma multa de EUR 1,6 mil (R$ 8,4 mil) foi acrescida pelos distúrbios causados durante a ação. No total, eles terão de pagar EUR 29,6 mil (R$ 155,2 mil). Os danos na base da escultura foram causados por adesivos resistentes e corrosivos, de acordo com os magistrados.
O grupo Ultima Generazione (Última Geração), ao qual os ativistas pertencem, anunciou que irá recorrer da decisão. Em comunicado, a organização afirmou que o veredicto do Vaticano é hipócrita e considerou a sentença desproporcional e absurda.
Os ativistas alegaram que seu objetivo era disseminar os valores defendidos pelo próprio Papa Francisco, que tem enfatizado a importância da preservação do meio ambiente. Durante o protesto, eles também exigiram um aumento nos investimentos em energia solar e eólica na Itália, enquanto criticavam a exploração de gás natural e minas de carvão. Uma faixa com a mensagem "Sem gás, sem carvão" foi fixada na base da estátua.
O Grupo de Laocoonte, esculpido entre 40 a.C. e 30 a.C., foi escolhido como alvo do protesto devido ao seu valor simbólico. A obra retrata Laocoonte, que alertou os troianos sobre o perigo do Cavalo de Troia. Os ativistas alegaram que a crise climática é o alerta moderno que está sendo ignorado pelos líderes políticos.
Protestos semelhantes têm ocorrido em toda a Europa nos últimos meses. O Ultima Generazione já realizou intervenções em locais como a fachada do Senado e a fonte da Praça de Espanha, em Roma, a estátua do rei Vittorio Emanuele II em Milão e o Palazzo Vecchio em Florença, além de museus do Vaticano.
O governo italiano, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, está buscando medidas mais rigorosas para reprimir esse tipo de intervenção. Um projeto de lei foi anunciado em abril, prevendo multas mais severas, variando de EUR 10 mil a EUR 60 mil (R$ 56 mil a R$ 336 mil), para aqueles que destruírem, mancharem ou desfigurarem bens culturais e paisagísticos.
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