Polícia Federal identifica documento de "roteiro" para golpe de Estado no celular de ajudante de ordens de Bolsonaro

A Polícia Federal revelou a descoberta de um documento intitulado "Forças Armadas como poder moderador" no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O texto descreve um plano em oito etapas para um golpe de Estado, visando reverter a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. As informações foram divulgadas pela revista Veja nesta quinta-feira (16).

Além do documento, também foram encontradas trocas de mensagens nas quais um oficial das Forças Armadas solicita que Cid convença Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar, o que também caracteriza um golpe de Estado.

De acordo com o documento encontrado, o plano envolve a nomeação de um interventor geral para suspender decisões consideradas inconstitucionais, incluindo aquelas emitidas pelo Judiciário e a diplomação do presidente Lula. Para iniciar o plano, Bolsonaro enviaria um relato das supostas inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário aos comandantes das Forças Armadas, que avaliariam os argumentos. Caso concordassem, nomeariam um interventor com poderes absolutos, estabelecendo um prazo para o "restabelecimento da ordem constitucional".

Em seguida, o interventor determinaria a suspensão de decisões consideradas inconstitucionais, como a posse do presidente Lula, e ordenaria o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski. Esses magistrados seriam substituídos por Kássio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli.

O documento encontrado no celular de Cid alega uma "atuação abusiva do Judiciário" e dos "maiores conglomerados de mídia brasileira" para influenciar o resultado das eleições de 2022. Alexandre de Moraes é citado nominalmente como um "inimigo do Bolsonarismo" e justificativa para a decretação de estado de sítio.

A autoria do texto ainda não foi identificada, o que dificulta a identificação de outros envolvidos nessa proposta antidemocrática. O relatório da Polícia Federal, que contém análise dos textos, documentos e mensagens trocadas pelo tenente-coronel, possui 66 páginas.